Através das impressões de Raul Brandão, o leitor é convidado a viajar pelos lugares algarvios da beira-mar. Nessa viagem pela paisagem e pelas suas gentes deparamos com descrições repletas de sensações visuais de que é exemplo o seguinte excerto: “ de manhã saio de Olhão deslumbrado. Céu azul-cobalto – por baixo, chapadas de cal. Reverberação de sol, e o azul mais azul, o branco mais branco. (…) e ao cair da tarde, sobre este branco imaculado, o poente fixa-se como um grande resplendor. É uma terra levantina que descubro; só lhe faltam os esguios minaretes. Duas cores e cheiro: branco, branco, branco doirado pelo sol, que atingiu a maturidade como um fruto.”
Raul Germano Brandão (Foz do Douro, 12 de Março de 1867 - Lisboa, 5 de Dezembro de 1930). Ao terminar o curso secundário e depois de uma breve passagem pelo Curso Superior de Letras, matricula-se na Escola do Exército, a pedido da mãe. Em paralelo com a sua vida militar, colaborou na Revista de Portugal, no Correio da Manhã, na Revista de Hoje, da qual foi co-director. Em 1890, publica a sua primeira obra Impressões e Viagens. Raul Brandão pertenceu à “geração de 90” (século XIX), influenciada pela estética decadentista-simbolista, e ao longo da sua vida escreveu contos, livros de viagens, peças de teatro, estudos históricos e memórias.
Sem comentários:
Enviar um comentário