terça-feira, 18 de outubro de 2011

E reza assim o discurso dirigido aos alunos distinguidos no Quadro de Excelência e Mérito em 2009/2010 e 2010/2011

                É para mim uma honra o convite que me foi dirigido pela Direcção da nossa escola para fazer uma alocução laudatória aos alunos distinguidos no Quadro de Excelência em 2009/2010 e 2010/2011, uma distinção que visa premiá-los pelos excelentes resultados escolares obtidos ao longo destes dois anos lectivos.
            Este é, e será sempre, seguramente, um dia que estes jovens não mais esquecerão. É um marco importantíssimo nas suas ainda curtas carreiras escolares, na medida em que se trata  do reconhecimento da qualidade e seriedade do seu trabalho. É, sem dúvida, o corolário lógico de quem põe a escola em primeiro lugar, de quem trabalha diariamente para saber sempre mais, de quem tem sonhos e projectos para o futuro e que, por isso mesmo, sabe que não pode distrair-se em momento algum nem descurar o que quer que seja. Estes alunos são um motivo de orgulho para toda a comunidade – são o paradigma da qualidade, a excepção, felizmente, a uma regra cada vez mais generalizada do desinteresse pela escola. O que melhor os define é o seu carácter, a que se alia grande capacidade de raciocínio e reflexão.  Indiferentes a provocações e impropérios de certos colegas (que grassam no ensino e  só prejudicam o bom funcionamento da escola) seguem o rumo traçado, sempre na senda do êxito e, acima de tudo, conscientes de que o que aprendem, a cada dia que passa, os torna melhores, mais ricos intelectual e espiritualmente, mais humanos, e capazes de olhar para o que os rodeia de maneira diferente do simples olhar comum. Há que louvar a sede do saber e o amor aos livros por parte destes alunos que, hoje, aqui, distinguimos.
            Imunes a tudo o que é nefasto, vão vencendo todos os obstáculos, todas as vicissitudes com muita entrega e empenho, tendo sempre como lema o sucesso. Afinal, a única via possível para vencer, para construir uma carreira sólida, uma vida melhor, com mais qualidade e dignidade, é a do trabalho constante, maximizado (citando diz Pessoa, Quem quer passar além do Bojador / tem que passar além da dor). Esta é a grande lição.
            Aliás, no dicionário destes alunos não constam, certamente, palavras como “laxismo”, “preguiça”, “negligência”, “irresponsabilidade”, “incúria”. Estes alunos são, seguramente, norteados por qualidades e valores como os da responsabilidade, do respeito pelo outro, da humildade, da sensibilidade estética e, sobretudo, de uma grande capacidade de racionalização.
            Espero que o exemplo dado por estes alunos seja, a breve trecho, seguido por muitos outros. O desejo de todos os professores é, sem dúvida, que o número de alunos com elevado sucesso escolar seja cada vez maior.
            O segredo é simples, já foi referido, resumindo-se a um simples dístico: motivação e trabalho. Porém à motivação e ao trabalho é necessário acrescentar algo mais, algo que marque a diferença, o tal patamar acima que se traduz na excelência. Estou a falar na capacidade que o aluno tem de ter para reflectir e relacionar as várias disciplinas do seu curriculum: o que têm em comum? Por que razão a História é importante para o Português? Por que motivo a Filosofia me pode ajudar a pensar, a equacionar valores, a olhar o mundo de maneira diferente? Afinal, porque será a Matemática tão fundamental? Se a Matemática é a base de tudo, se os números, as equações, os teoremas estão presentes em tudo, se nos ajudam até a compreender a própria Natureza, por que razão não hei de estar atraído pela Matemática? E as palavras? As palavras são magia; não imaginamos a Vida sem as palavras. É com elas que sonhamos, que vivemos, que comunicamos. Assim sendo, o Português é fundamental. Todas as disciplinas interagem com  o Português. Como disse Pessoa um dia, Minha Pátria é a Língua Portuguesa. Em suma, todas as disciplinas são importantes, todas elas têm algo em comum. No fundo o fascínio está na descoberta do “Belo” em cada coisa da realidade que nos cerca. Termino, sem deixar no entanto de, a este propósito, citar mais uma vez Fernando Pessoa: O binómio de Newton é tão belo como a Vénus de Milo. O que há é pouca gente para dar por isso.
            Espero, sinceramente, que a minha humilde alocução vos seja útil no futuro. Espero que seja uma luz para muitos outros alunos. Uma coisa é certa, não obstante o momento difícil que atravessamos, não obstante todas as dificuldades que terão de enfrentar nos anos vindouros, auguro-vos um futuro auspicioso, até porque ... “dos fracos não reza a História”!

Pelo Professor Vítor Álvaro

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